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Quem é minha Mãe?

Atualizado: 6 de abr. de 2021


Nestório (386-451) fundador de uma das heresias mais conhecidas da antiguidade, alegava que Maria não era Teothokos (Mãe de Deus), mas apenas Mãe do Cristo. A Igreja, a mesma Igreja que debelou a heresia dos Coliridarianos, que adoravam Maria como deusa, debelou também o Nestorianismo. A razão da Igreja em refutar essas duas heresias é a mesma razão pela qual as informações contidas neste texto são relevantes: não compreender a real natureza de Maria pode levar a uma compreensão errada da natureza do Cristo, sugerindo que Ele esteja quebrado, ou em desarmonia Consigo mesmo.

Santa Faustina Kowalska, freira que teve visões com Jesus Misericordioso, disse em seu diário (nº 939) que o demônio pode se ocultar sob o manto da humildade, mas nunca vestir o manto da obediência. Ao falar em "manto", é curioso pensar no manto solar de nossa Mãezinha: São Irineu de Lyon (Discípulo de Policarpo de Esmirna, Discipulo do Evangelista São João) disse que Maria pela sua obediência desatou os nós que a incredulidade de Eva havia atado (Contra as Heresias, III, 22). O manto que adorna Maria em sua realeza é o manto de sua docilidade ao Altíssimo. O Padre Paulo Ricardo, em "Resposta Católica Vol 1." mostra que a reação de Jesus em Mateus 12, 46-50, ao perguntar quem era sua Mãe, não demonstrava hostilidade a sua progenitora, mas a confirmação que seu mérito não derivava dos laços de sangue, senão de sua obediência. Completa o Padre: no missal de Pio V as missas votivas de Maria usam precisamente esse trecho do Evangelho.

Maria é modelo de fé e caridade, é realização exemplar da Igreja (Catecismo da Igreja Católica 967), devemos imitar sua confiança na Divindade de Seu Filho, que a levou a não correr ao sepulcro. Por que a mãe de Jesus não precisou correr ao sepulcro? Que tipo de Mãe não se precipitaria em desabalada carreira para ver o filho que volta a vida? Respondemos: Aquela que já soubesse que Ele não pode ser contido pela Morte. Seja porque em sua Fé inabalável Ela se manteve em pé, seja porque, como acreditamos segundo a Tradição, o Filho se mostrou primeiro a Ela, podemos concordar que Ela foi "Feliz porque acreditou (Lucas 1,48)".

Maria é a Nova Arca da Aliança, que guarda dentro de si o Cristo (Verdadeiro Pão do Céu, Lei prescrita nas Tábuas e Autoridade Sacerdotal do cajado de Aarão). O rei Davi dançou diante da Arca, e João Batista ainda nascituro saltou diante do Rei; Assim como Isabel ficou perplexa com a honra da visita da mãe de seu Senhor (Qual outro senão o Deus de Israel já que ela falou "cheia do Espírito Santo"?), o rei Davi indagou com medo como a arca do Senhor entraria em sua casa. Onde está Maria está o Senhor, assim como a presença do Senhor era garantida pela Arca da Aliança e seu propiciatório. Vamos a Jesus por Maria (Moto de João Paulo II), assim como o povo de Israel buscava ao Senhor oculto no Santo dos Santos, o local "cheio de graça".

Em tempos nos quais a sociedade caçoa da virgindade, considera a castidade impossível e despreza o celibato a ponto de desqualificar a defesa dos valores da Igreja pelos padres em função deste, é fundamental retomar o exemplo de Maria enquanto "fecundidade do Espírito" (Catequese Teologia do Corpo 24/03/1982). Precisamos retomar a lição da Carta Sacra Virginitas de Pio XII, e lembrar que a castidade não é algo que nos afasta da sociedade, mas lembra-nos que pertencemos uns aos outros, assim como Madre Teresa, Maximiliano Kolbe ou Damião de Molokai. Masculinidade e Feminilidade não tem a ver com a frequência de atividades sexuais amputadas de sua sacralidade e sentido, mas da doação de si de maneira integral pelo bem do outro. Nossa Senhora do Pilar nos anos 40, foi uma aparição da Virgem Maria em Bilocação na cidade de Cesaraugusta (hoje Zaragoza), para profetizar sobre a Fé que aquele povo haveria de ter, auxiliando as pregações do Apóstolo São Tiago. Para aqueles que querem se doar por amor ao próximo, a castidade é degrau e não pedra de tropeço, e nos torna mais capazes do extraordinário, por que entendemos a intimidade de Deus através da nossa intimidade integrada e respeitosa.

Jesus tomou sua carne não somente por, mas de Maria, como diria Dom Henrique Soares da Costa. Não seria possível que esse mistério se processasse se Maria fosse impura, visto que mesmo quando a voz do Senhor falou do meio da sarça, ela expressou que a terra em que Moisés pisava (ao redor da sarça) era santa (Êxodo 3,5). O novo testamento deliberadamente usa a citação de Isaías da Bíblia Septuaginta ("a Virgem dará a luz a um filho"), ao invés da Hebraica ("a Jovem dará a luz a um filho"). A pureza de Maria é sinal de sua missão, de ser a porta pela qual o senhor passou e que não será aberta (Ezequiel 44, 1-2), atestando o poder de demolir muralhas dos corações mais empedernidos, além da pequena nuvem que emerge do mar (I Reis 18, 44-45), devolvendo vida à terra seca das almas desamparadas ao emergir pura da água salobra e não potável.

Para mais detalhes, procurem o texto de Stephen Beale para o Portal Catholic Exchange.

Obrigado, e que A Mulher vos defenda do Dragão (Apocalipse 12).


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